Eu caminhei de dia e de noite por toda essa paisagem colorida
Mas poucas cores eu pude ver, eu mal via meus pés andando
No chão só estava a grama morta, e eu ia pisando, pisando e amassando
No futuro eu queria um luar mais forte, para poder enxergar de noite
Mas não enxergo futuro nenhum para mim, apenas vejo todo o passado
O passado é mais concreto, mais exato, eu o vejo feito uma fotografia
Ali também não tem nada de mais a ser observado, mas eu vejo tudo
Meu bem, meu anjo, meu caminho está para se acabar
O céu está tão azulado e eu detesto a cor azul, todo mundo ama
Eu quero ver sua face naquele lugar bonito em que você passeava
Porém estou tão longe, tão longe, tão longe que não há como voltar
Sua voz ainda ouço, mas só ouço porque te memorizei completamente
Não te vejo há tanto tempo e há tanto tempo não me vejo também
A paisagem colorida está vazia e triste, eu estou tão cansado
No futuro eu quero felicidade e música tocando o tempo todo
Mas não vejo futuro, não vejo alegria nesse espaço que percorro
A inocência não me deixa, não me volta, não a tenho, mas a abraço
Meu bebê, minha flor pequenininha e perfumada que eu amava
Tudo que eu queria era cheirar os seus cabelos como fazia antes,
Como fazia antes apenas no meu imaginar, na verdade nunca te toquei
Eu corri para longe, antes que pudesse te afetar de algum modo
Eu sempre entristeço todos que ousam me dar algum sentimento
E tudo isso porque não sei direito como viver, nem sei direito sorrir
Isso não explica todas as lembranças ensolaradas que me vem às vezes
Em que você está com a cabeça encostada em meu peito
Sorrindo e falando, contando casos de sua pequena vida, delirando
Tudo isso eu devo ter inventado nos tristes momentos em que caminhava
Para longe e para tão mais longe do que antes, eu não sei mais
Talvez você tenha existido, talvez seja apenas uma invenção minha
Nenhum comentário:
Postar um comentário