Boas Vindas

Boas vindas a quem chega a esse blog. As coisas escritas aqui são frutos da mente poética, depressiva e inconstante de uma pessoa que é muito jovem para sentimentalizar tanto as coisas.

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Amasso

A sensação é estranha e vai subindo,

Aquela sensação do seu nariz gelado em minha nuca,

De sua boca salivando na minha pele

E tudo subindo até os fios dos cabelos,

Os meus em que você adentra suas mãos perfeitamente,

Como que controlando meus pensamentos dali mesmo,

Do topo da minha cabeça cansada e séria

A sensação que você vai passando,

Mãos acariciando meus braços, meus ombros,

Alguns sorrisos cheios de dentes brilhando

E a solidão fugindo sem deixar sinal

E um beijo pequeno de lábios nos lábios,

Rápido como o vento e suave, extremamente suave

Eu já senti algo assim, eu não sei bem,

Talvez eu tenha sentido mesmo, te olhando

Vendo seu andar distraído e decorando seu corpo na minha mente,

Um corpo de juventude extrema, um riso calmo

Tudo cada vez mais calmo, o lugar aqui é silencioso,

A lua aqui está do lado de fora, da para ver da janela,

Mas ninguém liga agora, ninguém quer ouvir música,

Ninguém quer ver um filme inteligente,

Você bebe minha saliva e respira em minha boca,

Me fazendo sentir o ar que te entra nos pulmões,

Agora entrando nos meus

E os apertões que seus dedos fortes fazem em minha pele,

Meu corpo todo manchado de roxo,

E todo meu suor com o cheiro da sua pele,

O perfume adorável, um cheiro de criança, um cheiro bom

A pele de seu rosto roçando a pele do meu rosto,

E seu queixo se encontrando com meu nariz,

E sua boca beijando minhas pálpebras cansadas,

Eu sinto um sono chegando devagar

E está tudo tão perfeito para que isso aconteça,

O seu abraço bom, completo, apertado e quase me matando,

Quase me incluindo a si mesmo, tentando absorver,

E os beijinhos no pescoço, e a língua na orelha,

E os dedos sobre o peito e os dedos dentro da calça,

Os toques se transformando em prazer maior

Eu desejo mais ainda, eu te necessito um pouco mais

Como estou sentado numa cadeira grande eu te sento no meu colo,

É muito confortável, seu corpo é leve e sinto o cheiro de seu cabelo,

Um cheiro de shampoo e de pele nova, completamente ótimo

Os minutos passando e passando e passando

E você eternamente enroscado em mim, nem sei qual perna é minha

E qual perna pertence a você,

Sei que meu braço lhe toca as pernas

E não sei aonde sua mão me toca, sinto em todo o corpo

E sinto sua boca em todo meu corpo

E tento fazer com que a minha boca esteja em toda parte sua,

As roupas já estão anuladas dos nossos corpos,

Nós as fizemos evaporar, sublimamos tudo

Quero mesmo seu corpo, te viro então,

Passando ambas as mãos pelas suas costas, subindo sua coluna,

Seu pescoço e sua cabeça, e seus cabelos

E beijo toda essa extensão, vagarosamente, lentamente,

Eu abro mão de qualquer outra coisa

Me jogo nos sonhos, vou adormecendo,

Mas não adormeço para sonhar, eu estou acordado,

Estou é aprofundando minhas sensações,

Eternizando as coisas para me lembrar mais tarde,

Massageio seus pés pequenos e te boto no chão,

Te beijo inteiro, seu rosto é minha área

É aonde eu solto tudo que eu sinto, com toda a força,

E você ri, ri alto, me beija também, pelo menos tenta,

Eu que acabo sem deixar, já estou bem longe

Já parei com a sensação comum dos beijos

E já parei com a sensação comum do prazer físico,

Estou bem mais longe, é quase o paraíso

E para encontrar o paraíso eu preciso beijar o amor,

Encontrar sensualmente meu corpo no de outra pessoa, você

A pessoa que me encaixa, que me adentra, que permanece

Chegando numa coisa leve e solta, completamente liberto da Terra,

Bem longe de casa, repleto de superioridade,

Tudo por um beijo na minha virilha, tudo por causa disso

E das fotos na parede, pessoas tão perfeitas de olhar,

Meninos e meninas com suas mais diversas expressões de humanidade,

De beleza e de eternidade, são todos jovens,

Ou então são aquelas pessoas que são para sempre

E que se imortalizam numa foto antiga e em preto e branco,

Aonde todos eram maravilhosos

Com você dentro de mim, comigo dentro de você,

Os pelos se encontrando e a perfeição instalada

O brilho eterno cresce e cresce e explode,

Sobrou de mim o que você viu de inicio, sobrou tudo,

Mas a sensação estava bem mais vazia,

Preciso reenchê-la, começo um novo beijo

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Todos contra Serra e o retrocesso a que nosso país está ameaçado


Agora nesse quase fim das eleições, escolhi escrever sobre política, algo que muito move minhas idéias, uma das coisas a que dedico meus pensamentos, sempre pensado no que pode fazer bem e no que pode fazer mal ao nosso país e ao mundo. Começo com a minha principal afirmação, a de que devemos, antes de qualquer coisa, fincar nossos pés contra o candidato tucano José Serra.

Primeiro quero dizer que devemos abrir nossos olhos para as cartilhas elitistas a que o partido PSDB nos subjuga a tempos, favorecendo as camadas ricas (cerca de 10 a 15% da população brasileira) em detrimento das camadas populares. Essa elite, a maior parte nas regiões Sul e Sudeste, continua sempre seguindo cegamente esse partido, cada vez mais direitista, diga-se de passagem, pois apenas olham para os próprios umbigos, tentando fazer com que a situação mantenha-se sempre a mesma, a burguesia valorizada olhando do alto o povo miserável. E mostrando mais ainda a estupidez dessa elite acontecem as afirmações de que os feitos de governo Lula, que tiraram da pobreza milhões de brasileiros, são apenas ‘cala-bocas’ para o ‘ignorante povão’.

Lula, nosso presidente, o ‘bronco’ que os tucanos tanto afirmaram, representou para esse país mudanças necessárias, avanços que o Brasil necessitava há tanto tempo, avanços esse que não aconteceram nos governos anteriores, dentre eles o nulo governo Itamar e o inerte governo FHC, este último que apenas tentou criar projetos que mal saíram do papel e que vendeu meio país para os imperadores do mundo, os líderes dos países conhecidos como “desenvolvidos”. Parece que só quem não vê tudo isso são os nossos ricos, a elite mesquinha e atrasada.

Agora começarei a falar diretamente sobre o candidato José Serra. O mais vaidoso dentre os tucanos, que há anos tenta chegar à presidência, apenas por uma necessidade imensa de poder. Serra, apoiado abertamente pelos veículos polemistas da mídia Brasileira, tenta conseguir, de todos os jeitos, os votos de que precisa para vencer, usando de todos os tipos de artifícios para consegui-los, simulando ataques contra sua excelentíssima pessoa, criando polêmicas contra pessoas ligadas ao governo petista, e até, me arrisco a dizer, montando casos em que ele mesmo se torna a vítima. Atos dignos de um criminoso, o que eu acredito fielmente que ele seja.

Em que governo do estado de São Paulo houve conflito entre as policias? Governo do Serra e do PSDB. Em que governo houve aumento generalizado da criminalidade no estado paulista? Governo do Serra e do PSDB. Que candidato está completamente horrorizado pela liberdade de imprensa na internet? O candidato tucano Serra. Que candidato mais largou cargos no meio do mandato? O candidato tucano Serra. É Serra que trava processos na justiça e que pede a cabeça de jornalistas que o afrontam. É o governo tucano que sempre barra CPI’s e toda e qualquer investigação em sua gestão. Além de tudo isso devo falar dos projetos sem sentido que o PSDB propõem, como os centros especializados de saúde (que farão com que os Hospitais sejam negligenciados), como as duas professoras por classe (que usarão como desculpa para empregar milhares de profissionais não capacitados).

Tudo isso mostra como o candidato José Serra é o menos democrático dentre todos. Um enorme perigo para a liberdade desse país. José Serra é um homem sínico, autoritário, marcado pelo descaso com a população, má gestão e promessas não cumpridas.

Sigamos os grandes nomes da cultura e da intelectualidade brasileira que parecem ser os únicos que enxergam na escuridão que é a mentalidade do povo brasileiro, estes apóiam a candidata Dilma, vendo o perigo de termos Serra no poder. Dentre eles os grandes compositores Chico Buarque e Gilberto Gil, o arquiteto considerado nono maior gênio vivo Oscar Niemeyer, o escritor e teólogo Leonardo Boff, as cantoras Beth Carvalho, Alcione, Elba Ramalho e Margareth Menezes, os atores Osmar Prado e Paulo Betti, dentre tantos outros.

Quem melhor posicionou suas idéias foi o escritor e intelectual Fernando Moraes, que afirmou conhecer o candidato Serra a mais de 30 anos e saber o perigo que ele pode causar ao nosso país.

Espero ter feito vocês pensarem um pouco antes desse segundo turno. Para terminar coloco aqui uma pequena afirmação de uma pessoa próxima a mim, e que considero muito sábia, “Serra é o cão!”.

domingo, 17 de outubro de 2010

Harmada, de João Gilberto Noll


Estou lendo esse livro, Harmada, no momento, e a sensação que me trouxe foi um tanto inesperada. Resolvi lê-lo pois estava interessado em conhecer literatura brasileira contemporânea, algo que se encaixasse perfeitamente nos dias de hoje. Peguei este livro numa livraria e ao ler suas primeiras páginas não gostei, me pareceu um tanto clichê, as palavras rebuscadas, a falta de continuidade de tempo e falas que pareciam desconectadas de qualquer coisa. Porém, avancei no texto e cai na real, o que havia encontrado era algo inacreditável, o texto mostrou-se para mim realmente complexo, longe do comum que tinha pensado ser no inicio. O personagem principal sempre vagando e se envolvendo em situações estranhas me cativou muito, um homem de meia-idade (provavelmente) que não leva nada muito a sério, é um ator sem sucesso que se perdeu no mundo, sua vida passou de orgias com artistas para filas de sopa para indigentes. Acaba num asilo, lá encontra a filha de uma mulher que foi muito importante em seu passado. Essa personagem, Cris, me cativa mais ainda, é provavelmente a coisa de que mais gosto na história, uma garota perdida, sem pais, inventando histórias para as pessoas que não a conhecem bem. Tudo nessa narrativa de Noll tem um ar cinematográfico para mim, cheio de encontros e desencontros, jogos de cenas, chego a pensar que me lembra o estilo Wong Kar-Wai de filmar.
Ainda não terminei de ler o livro, então nada mais posso contar e nada mais posso filosofar sobre. Assim que o terminar poderei falar mais. Porém já indico-o para quem quer algo diferente do que o de costume.
João Gilberto Noll é natural de Porto Alegre. Recebeu três prêmios Jabuti e teve obras adaptadas para o cinema e o teatro. É considerado pela critica um dos principais nomes da literatura brasileira atual. O jornal Folha de São Paulo disse sobre ele: "Compões textos em carne viva...", um grande e merecido elogio.

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Por todo o trabalho duro

Tome seu certificado de conclusão de curso

Você trabalhou muito bem nesse ano vazio,

Foi tudo rápido e dolorido, como deve ser, foi legal,

A gente não fez nada demais, mas estamos muito cansados

Assistimos um bilhão de filmes chorosos

E ouvimos música, a gente não cansa disso, nunquinha

Pegue o papel desimportante em que te descrevi,

Vamos terminar essa droga de trabalho agora,

Como eu quero ir para cama! Como eu quero tudo!

Eu vou sorrir bem rapidinho e tudo acaba,

Não funciona assim para mim, só para os príncipes,

Aqueles que fazem princesas virarem vadias

E eu não sou nenhum deles, eu estou na sala

Aonde o abajur está e começa a escrever no caderno,

Fazendo aqueles poemas continuamente irritantes

Eu quero ler, mas não consigo terminar,

Por isso fico sem fazer nada, só me destruindo,

Só me cansando, exausto de tanto trabalho

Meu cérebro fica ouvindo coisas, sou eu mesmo

Vem comigo, eu acho que pode ser divertido

Vou correr de mãos dadas até a livraria,

Acabamos sempre na livraria, ou naquele lugar

Nós pensamos, você faz um bom trabalho,

Eu te presenteio com minha admiração

E tudo volta ao ponto de partida que eu não lembro mais como era...

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Bernardo e Juliana no mundo de lágrimas

Juliana chorou tanto que um mar sua casa se tornou,

Estava sozinho nesse oceano de suas tristezas

Juliana saiu de barco pela rua, a caminho do analista,

Este vivia num outro continente após a avenida rio Nilo

Juliana correu mundo, mesmo sem sair do bairro,

Estava tão cabisbaixa que as pessoas sentiam pena

Juliana remando rumo ao seu próprio final, sozinha,

Já não podia mais abrir sua garagem para pegar o avião

Juliana não queria viajar até a casa de sua tia,

Lá era tão longe, depois do pacífico Zona Sul

Juliana precisava voltar a sua toca, sua caverna,

Estava toda bagunçada e precisava arrumá-la

Juliana não tinha mais o que fazer, estava pálida,

Queria muito mudar, mas fingia não saber

Juliana fingia não saber desamarrar a corda,

Aquela que prendia seu barquinho ao portão de casa


Bernardo, um dia, gritou tanto que um maremoto criou,

Vivia bem longe no oceano que uma moça chorou

Bernardo se despediu das suas coisinhas,

Foi pegar uma lancha, porém só encontrou um pedalinho

Bernardo não sorria já faziam três milênios,

Quando abriu-se numa risada o mundo ainda tinha cor

Bernardo precisava encontrar alguma coisa importante,

Não sabia o que era, não queria nem saber

Bernardo abriu os cadeados, mas não conseguiu virar a esquina,

E por fim voltou para sua doca pessoal

Bernardo amarrou seu barquinho de papel junto a TV,

Ficou assistindo o jornal nacional, pesquisando

Bernardo procurava nas noticias uma festa,

Uma comemoração qualquer, uma em que não iria

Bernardo não conseguia gostar de nada com vontade,

Estava sempre encostado em sua tumba


Juliana resolveu sair finalmente, para valer,

Colocou um motor novo em seu pequeno barco

Bernardo, foi aí que gritou, e seu maremoto correu,

Atravessando toda aquela água azul e verde

Juliana caiu no mar que saiu de seus olhos,

Quase se afogou no que era seu, mas alguém a salvou

Bernardo tirou a garota daquela praça subaquática,

Olhou para ela, ela era a dona daquele mundo triste

Podiam agora juntar seus problemas e chorar juntos

Em busca de uma clínica

Não consigo ser feliz, nem tentando muito

E como quero e como e como tento e como perco

E erro e volto ao ponto de partida, calado

Chorando no ombro de um conhecido, este que tenta,

Este que tenta entender, que entende, mas não plenamente

Nunca perde um momento da minha lucidez,

Mas quando estou louco e quando estou triste

E quando estou perdido e desentendido, aí não vê,

Aí não sabe muito bem o que fazer

Foge ou talvez nem isso faça, porém não consegue,

Assim como eu, não consegue se mover e ir para a vida

Nesse caso a vida sou eu, para mim a vida são os outros

Meu bem, como eu queria alguém com meu manual,

Sabendo ler, sabendo conduzir e me desligar quando necessário

Eu quero mais que um irmão, um amigo ou um pai,

Ou um padre tirando meus pecados ou uma mulher bela,

Ou uma visão milagrosa que me ilumina,

Eu quero mesmo é uma enfermeira ao lado da cama,

Me dizendo o que fazer, me segurando ao atravessar a rua,

Pois estou solto demais, sozinho demais e perdido demais

Preciso de um pouco de carinho alheio ou não,

Um pouco mais do que já ganho

Não quero me perder