Juliana chorou tanto que um mar sua casa se tornou,
Estava sozinho nesse oceano de suas tristezas
Juliana saiu de barco pela rua, a caminho do analista,
Este vivia num outro continente após a avenida rio Nilo
Juliana correu mundo, mesmo sem sair do bairro,
Estava tão cabisbaixa que as pessoas sentiam pena
Juliana remando rumo ao seu próprio final, sozinha,
Já não podia mais abrir sua garagem para pegar o avião
Juliana não queria viajar até a casa de sua tia,
Lá era tão longe, depois do pacífico Zona Sul
Juliana precisava voltar a sua toca, sua caverna,
Estava toda bagunçada e precisava arrumá-la
Juliana não tinha mais o que fazer, estava pálida,
Queria muito mudar, mas fingia não saber
Juliana fingia não saber desamarrar a corda,
Aquela que prendia seu barquinho ao portão de casa
Bernardo, um dia, gritou tanto que um maremoto criou,
Vivia bem longe no oceano que uma moça chorou
Bernardo se despediu das suas coisinhas,
Foi pegar uma lancha, porém só encontrou um pedalinho
Bernardo não sorria já faziam três milênios,
Quando abriu-se numa risada o mundo ainda tinha cor
Bernardo precisava encontrar alguma coisa importante,
Não sabia o que era, não queria nem saber
Bernardo abriu os cadeados, mas não conseguiu virar a esquina,
E por fim voltou para sua doca pessoal
Bernardo amarrou seu barquinho de papel junto a TV,
Ficou assistindo o jornal nacional, pesquisando
Bernardo procurava nas noticias uma festa,
Uma comemoração qualquer, uma em que não iria
Bernardo não conseguia gostar de nada com vontade,
Estava sempre encostado em sua tumba
Juliana resolveu sair finalmente, para valer,
Colocou um motor novo em seu pequeno barco
Bernardo, foi aí que gritou, e seu maremoto correu,
Atravessando toda aquela água azul e verde
Juliana caiu no mar que saiu de seus olhos,
Quase se afogou no que era seu, mas alguém a salvou
Bernardo tirou a garota daquela praça subaquática,
Olhou para ela, ela era a dona daquele mundo triste
Podiam agora juntar seus problemas e chorar juntos
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