Boas Vindas

Boas vindas a quem chega a esse blog. As coisas escritas aqui são frutos da mente poética, depressiva e inconstante de uma pessoa que é muito jovem para sentimentalizar tanto as coisas.

domingo, 30 de janeiro de 2011

David Bowie

David Bowie é um artista que mudou completamente a história da música moderna. Ele foi do Glam Rock cheio de glitter de “Ziggy Stardust” até as batidas Disco de “Let’s Dance”, passando pelo Soul de “Young Americans” e pela experimentação musical de seu eterno “Heroes”, e sempre ladeado de sua imagem marcante, sempre em metamorfose, porém sempre igualmente inesperada, um artista visual incomparável, mas sempre nos compensando com discos geniais, recheados de canções de sonoridade especial, única, original. Um gênio com o talento de nos entreter e ao mesmo tempo nos passar sua arte profunda e complexa, suas letras mais evoluídas que as de seus companheiros do Glam Rock, como Marc Bolan do T.Rex. Desde o primeiro sucesso, Space Oddity, até o último grande êxito, Modern Love, foi de um talento quase surreal, nos fez pensar que era homem, mulher, humano, extraterrestre, negro, branco, inglês, americano, futurista, antiquado, genial, raro, único, importante.

Sua vida foi lotada do conhecido lema ‘sexo, drogas e rock’n’roll’, mas nele isso foi muito mais vivo, sua sexualidade é indecifrável, quase uma pansexualidade incontrolável, suas drogas foram tortuosas, talvez mais do que as de muitos roqueiros, e lhe fizeram muito bem e muito mal em sua arte, e seu rock’n’roll foi o mais importante de uma década, foi o músico máximo dos anos 70, o que fazia era respeitado, podia se vestir da forma que for, usando maquiagem em excesso e saltos altos, e mesmo assim era venerado, pois sua música era tão incrível quanto sua imagem, seu olho esquerdo eternamente dilatado nos assombra até hoje, suas cabelos laranjas ainda voltam as nossas mentes quando pensamos no passado. Bowie além de nos trazer sua obra mágica, também ajudou o mundo a conhecer melhor artistas igualmente geniais como Iggy Pop e Lou Reed, produzindo-os e os levando ao sucesso; e apareceu nas telas do cinema algumas vezes, entrando nas diversas listas do cinema Cult, com os filmes “O Homem Que Caiu Na Terra”, “Fome de Viver” e “Labirinto”.

David Bowie é um artista completo e eterno, e aqui está um pequeno e lindo pedaço de seu talento, a canção ‘Life On Mars?’, do álbum “Hunky Dory”, meu favorito.

sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Chico Buarque - Construção


Chico Buarque não precisa de muitas explicações. Talvez o nosso maior compositor, a música popular brasileira deve quase tudo a este músico eterno, que desde os anos 60 nos trás canções de melodias geniais e letras de pura poesia. Até sua voz, considerada por muitos afônica, nos dias de hoje nos parece perfeitamente encaixada nas canções inesquecíveis que criou, até quase como se não pudesse haver outra voz nelas (com todo respeito aos magníficos interpretes que o gravaram). A muito sou um adorador de Chico Buarque, que também é um ótimo e talentoso escritor, autor de obras como "Estorvo", "Benjamim", "Budapeste" e "Leite Derramado".
Trago aqui uma de suas obras-primas, o disco "Construção" de 1971, disco sagrado da MPB, belíssimo álbum recheado tanto por insuperáveis canções políticas quanto por outras romantizadas e suaves. Coloco aqui algumas de suas faixas inesquecíveis.

Cotidiano


Construção

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

O que você fará?

Você vai me abraçar com força

Você vai me pedir para não ir

E eu vou ignorar como sempre

Você vai me beijar no rosto

Você vai me dizer coisas belas

E eu vou ignorar mais uma vez

Você vai me segurar eternamente

Você vai me desejar melhoras

E eu vou ignorar de novo

Você vai me suspirar pedidos

Você vai me ajudar a andar

E eu vou ignorar como sempre

Você vai me pedir para não ir

Você vai me abraçar com força

E eu vou ignorar e morrer de uma vez


(P.S.: Um poema bem antigo que encontrei nas minhas coisas.)

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Roxy Music - Roxy Music (1972)


O disco da semana é um dos meus favoritos entre os favoritos, o disco de estréia do Roxy Music para mim é um dos álbuns mais originais já gravados. Ali, faixa após faixa, você é surpreendido por algo inesperado, é uma surpresa atrás da outra, alguns dos maiores clássicos do glam rock inglês estão nele. Um grupo formado por alunos de escolas de arte, cheios de idéias inovadoras, entre eles: Bryan Ferry, o elegante vocalista, dono de uma voz particular, às vezes calma e constante e às vezes rasgada, sujeita a berros maravilhosos; e Brian Eno, mestre supremo dos sintetetizadores, que colocava uma sonoridade especial em cada música. Ao longo dos anos a banda amansou sua ferocidade barulhenta e começou a produzir canções calmas e tristes, porém sempre cheias do enorme talento da banda, nunca uma canção ruim.
Este álbum contém a minha música preferida, "If There Is Something", dentre as milhares de músicas que ouço, esta é a que mais me impressiona, soa como um country futurista, constante porém crescente, com a bateria de Paul Thompson, seguida pelas guitarras psicodélicas de Phil Manzanera, os teclados de Eno e os assustadores oboé e saxofone de Andy Mackay (nunca mais ouviu-se um oboé numa banda de rock). Coloco aqui esta e outra ótima faixa do disco, espero que gostem.

Re-Make/Re-Model


If There Is Something



Até cair desmaiado

Estou sentado na cama, o dia já está quase amanhecendo e eu nem me deitei,

Deixei uma música tocando no rádio e é um rock cada vez mais pesado que vem dali,

Eu não me importo, eu gosto demais, eu me deito, me jogo no colchão mal cheiroso

E começo a sonhar acordado, como se tivesse injetado heroína nas veias eu me canso

Dessa calmaria toda e quero me jogar numa festa qualquer noite a fora,

Pena que o sol já esteja aparecendo por aqui e nada mais hei de poder fazer

Além de dormir um pouco enquanto o ventilador refresca um pouco o meu quarto,

Este que é um cubículo abafado e lotado de objetos de utilidades discutíveis,

Eu gosto demais dessa bagunça podre e chique em que estou totalmente envolvido

E que se dane as regras lingüísticas dos meus poemas, eu escrevo o que vem a cabeça,

Nada aqui há de fazer muito sentido para os outros além de mim mesmo,

Por isso me julgo capaz de rabiscar tudo de uma vez, jogando as histórias juntas

Sem me preocupar em misturar ou não, eu quero dormir, mas não consigo há dias,

As horas em que estou de olhos fechados é uma enganação para mim mesmo

Em que tento de todo jeito parecer dentro do sono, eu não durmo direito já faz anos!

Aqui na cama eu me recordo de baboseiras de que me envergonho,

Das depressões passadas, as coisas de que aconteceram e que eu odeio,

Meu bem, meu bem, eu ainda acho que tenho alguém para chamar carinhosamente

E insisto em colocar essas carências românticas na papelada crescente,

Que sobe em direção ao teto com velocidade incrível desde que comecei a escrever.

Joan Jett grita nos meus ouvidos e eu estou adorando demais, excitação e loucura

E saio pulando pelo quarto até cair desmaiado.

Comum

Os pensamentos me fazem pressão,

Minha cabeça pesada e dolorida

Vai pensando e enlouquecendo

Enquanto eu não faço nada demais,

Mas o que faço é incomum

E os detalhes das cores são bonitos,

Quando tento iluminar o caminho

Minha cabeça volta a doer

E eu volto para o quarto e esqueço tudo,

Aquilo tudo parece desimportante,

Recomecei a diversão e voltei para o nada,

Se alguém quiser saber de mim,

É só aparecer, eu sempre estou aqui

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

The Runaways - The Runaways (1976)


No disco dessa semana vamos deixar para trás os artistas modernos e encarar um puro rock'n'roll setentista. O icônico grupo só de meninas The Runaways foi uma fonte de ótimas canções além de tornarem-se lendas na história da música. A genial guitarrista Joan Jett e a sexy vocalista Cherie Currie lideravam essa banda, nela também haviam Lita Ford, Sandy West e Jackie Fox, todas ótimas instrumentistas e cheias daquele apelo punk tão incrível do fim dos anos 70. O primeiro disco do The Runaways imortalizou-as, é um álbum único para a história do rock, nele está o clássico e marca registrada da banda "Cherry Bomb". A história da banda é turbulenta, regada a muitas drogas e brigas internas, e tudo isso numa banda formada por garotas de 15 e 16 anos, foram espetaculares enquanto duraram, após dois discos de estúdio e um ao vivo no Japão, Cherie largou a banda, Joan assumiu os vocais principais dos discos seguintes, porém nenhum deles teve o mesmo impacto. Após o fim da banda Joan Jett formou o Joan Jett & The Blackhearts, que a transformou numa estrela do mundo da música, com vários sucessos como "I Love Rock'n'Roll" e "Bad Reputation".
O disco é, para mim, uma obra-prima do rock'n'roll, as meninas juntavam influências tanto do Glam de David Bowie, quanto do Punk de Iggy Pop e dos Sex Pistols, criando um som rasgado e forte, letras de grande apelo erótico e uma imagem rebelde e contestadora. Além disso foram a primeira banda completamente formada por mulheres a atingir grande sucesso, abrindo portas para diversas outras bandas que vieram a seguir. Antes delas o rock feminino era para poucas, como Janis Joplin, Patti Smith, Suzi Quatro e Debbie Harry, esta última sendo a primeira a frente de uma banda, o Blondie. Aproveitem duas das melhores músicas deste maravilhoso e incomparável disco.

Cherry Bomb


Dead End Justice

RENT


O que não sai da minha mente essa semana é o musical RENT, que foi levado as telas do cinema em 2005. Depois da descoberta desse sucesso extremo da Broadway, mal consigo ouvir outra coisa. Tenho uma certa queda por musicais, pela fascinante idéia de sair cantando no meio da rua ao invés de falar. E esse em especial me deixou apaixonado, trata-se da história de oito personagens do submundo artístico de Nova York, e discute diversos tabus da sociedade moderna, como a AIDS, a homossexualidade, o feminismo, a liberdade sexual e o desemprego.
Mark é um cineasta frustrado que filma um interminável documentário; Roger é um roqueiro deprimido que não consegue mais compor desde a morte da namorada; Maureen é uma artista experimental, que canta, atua e aproveita-se de sua liberdade sexual; Collins é um professor de filosofia que não tem dinheiro para se manter; Angel é uma drag queen percussionista, que se apaixona ao conhecer Collins; Mimi é uma dançarina de boate, viciada em heroína e apaixonada por Roger; Joanne é uma advogada homossexual que sofre com a infidelidade da namorada Maureen; e Benny é um empresário em ascensão, que no passado foi muito amigo dos outros personagens, porém agora vira as costas para os mesmos. Tanto Collins, quanto Angel têm AIDS e Mimi e Roger são portadores do vírus HIV.
Coloco aqui alguns vídeos das melhores canções do filme.

Seasons Of Love


La Vie Bohème


Take Me Or Leave Me


Out Tonight/ Another Day

Três Haikais (Louco, são/ Rádio/ O dia pra mim)

Segmento genial, caminho de insanidade

Loucura repleta da sanidade mais triste

Encontro sentimento até em matemática


***


Eu estou escutando uma música no rádio

O rádio é uma surpresa quase sempre

De repente e lá está uma música que eu conheço


***


De manhã eu me sinto como um atropelado

De tarde eu me sinto como um abandonado

De noite eu já começo a me sentir amado

quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Epitáfio

No fim tudo há de virar pó, os pecados hão de sumir

E só bons momentos vão ficar marcados na cabeça,

A sutileza e seus traços leves aqui e ali fotografadas,

Com ou sem cor, tanto faz aquele detalhe inocente,

Eu gostaria de ter mais tempo para cair do céu

sábado, 1 de janeiro de 2011

Antony & The Johnsons - I Am A Bird Now


Influenciado pelo meu último post sobre o disco Funeral, do Arcade Fire, resolvi criar um comentário semanal sobre discos, sempre mostrando aqui o que mais tenho ouvido, ou algum disco que seja de grande importância para mim.
Essa semana tenho adormecido ao som desse grande artista chamado Antony Hegardy, compositor talentoso e dono de uma triste voz, talvez uma das mais belas da história da música. Sua força ao interpretar uma canção é única, é capaz de deixar mais tristes canções já originalmente melancólicas, caso de sua interpretação de "Candy Says" do Velvet Undergroung, ou então mudar completamente uma música, como fez com "Crazy in Love", de Beyoncé, transformando o hit dançante numa balada sofrida. Poucos artistas tem esse talento, o poder de entristecer tudo o que cantam, além de Antony podemos citar Sinéad O'Connor e Damien Rice, entre outros.
Porém venho aqui falar de um disco em especial de Antony e seu grupo The Johnsons, o álbum chama-se "I Am A Bird Now", completamente autoral, profundo e essencialmente triste, as canções sempre soando como um desesperado pedido por carinho e atenção, ou então demonstrando desejos frustados e às vezes impossíveis. O disco ainda conta com ótimas participações de dois dos maiores ídolos de Antony, Lou Reed e Boy George, e de dois grandes amigos e colaboradores do artista, igualmente talentosos, Rufus Wainwright e Devandra Banhart.
Coloco aqui duas canções do disco, e peço que notem também o perturbador vídeo clip da canção "Hope There's Someone".

Hope There's Someone


Fisful Of Love (feat. Lou Reed)