Estou sentado na cama, o dia já está quase amanhecendo e eu nem me deitei,
Deixei uma música tocando no rádio e é um rock cada vez mais pesado que vem dali,
Eu não me importo, eu gosto demais, eu me deito, me jogo no colchão mal cheiroso
E começo a sonhar acordado, como se tivesse injetado heroína nas veias eu me canso
Dessa calmaria toda e quero me jogar numa festa qualquer noite a fora,
Pena que o sol já esteja aparecendo por aqui e nada mais hei de poder fazer
Além de dormir um pouco enquanto o ventilador refresca um pouco o meu quarto,
Este que é um cubículo abafado e lotado de objetos de utilidades discutíveis,
Eu gosto demais dessa bagunça podre e chique em que estou totalmente envolvido
E que se dane as regras lingüísticas dos meus poemas, eu escrevo o que vem a cabeça,
Nada aqui há de fazer muito sentido para os outros além de mim mesmo,
Por isso me julgo capaz de rabiscar tudo de uma vez, jogando as histórias juntas
Sem me preocupar em misturar ou não, eu quero dormir, mas não consigo há dias,
As horas em que estou de olhos fechados é uma enganação para mim mesmo
Em que tento de todo jeito parecer dentro do sono, eu não durmo direito já faz anos!
Aqui na cama eu me recordo de baboseiras de que me envergonho,
Das depressões passadas, as coisas de que aconteceram e que eu odeio,
Meu bem, meu bem, eu ainda acho que tenho alguém para chamar carinhosamente
E insisto em colocar essas carências românticas na papelada crescente,
Que sobe em direção ao teto com velocidade incrível desde que comecei a escrever.
Joan Jett grita nos meus ouvidos e eu estou adorando demais, excitação e loucura
E saio pulando pelo quarto até cair desmaiado.
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