Boas Vindas
Boas vindas a quem chega a esse blog. As coisas escritas aqui são frutos da mente poética, depressiva e inconstante de uma pessoa que é muito jovem para sentimentalizar tanto as coisas.
segunda-feira, 30 de agosto de 2010
Fernanda Montenegro, nossa maior atriz
Vida desejada
Eu quero a certeza de não ter caminhos a seguir
E a certeza das amarras bem presas nos meus braços,
As meninas sempre dançando ao redor das casas
Os meninos eternamente adoráveis de observar
Preciso de pessoas que me conhecem sem me ver,
Pessoas que me toquem nos lábios para sentir minhas palavras
Suavidade nos dedos, passando as mãos nos cabelos
E cantarolando poesia marginal para divertir o mundo
Eu quero a perfeição das faces agradáveis de olhar
E a beleza de uma solidão conjunta, a dois, a cem
A bailarina rodopiando pelos corredores da mansão
O garoto amável sempre me acompanhando com o olhar
Minhas roupas sujas todo o tempo, xícaras quebradas
Um liquidificador de emoções, sensibilidade e chuva
Pessoas de enfeite nas paredes, sorrindo pelas ruas cheias
Flores com perfume humano, abraço e paredes coloridas
Música transcendental multiplicando-se nos ouvidos
Para que a festa continue calmamente noite adentro
Balada insensível do emotivo
Ei, meu bem, olhe bem nos meus olhos
Assim eu vou poder ver se sinto aquela sensação
Em que tudo parece encaixar, em que tudo funciona
E você sabe que aquela pessoa é a pessoa,
Ei, meu bem, eu nunca senti isso
Só senti aquela admiração perfeita e adorável
Em que você sonha com intimidade, em que você deseja
E tudo parece belo de longe, sem você,
Ei, meu bem, respire bem para pensar bem
Assim eu conseguirei adentrar melhor suas idéias
E me fazer entender, me fazer fazer sentido completamente
Sei que não é nenhum pouco fácil sentir sem sentir,
Ei, meu bem, creio que sou insensível
Eu adoro, desejo, venero, admiro e almejo todos,
Porém não consigo me colocar ali no meio do fato, não funciona
Ali eu estrago a idéia da beleza delicada,
Ei, meu bem, preciso fazer algo safado
Assim tudo que quero demorará a aparecer
As ideologias que crescem por dentro de mim sumirão
E poderei apenas amar você sem esforço,
Ei, meu bem, assim que acabar vou sumir,
Pois te acho perfeito demais para intervir na existência
Quando estou longe, do outro lado da rua, consigo sentir
Tudo fica bem e eu começo a te venerar de novo,
Ei, meu bem, fiquemos afastados, quero te sentir mais
quarta-feira, 25 de agosto de 2010
Minha semana
Minha semana não foi agitada
Não foi sequer uma semana
Foram segundos voadores
E eu mal senti os instantes
Tudo foi para longe, tudo derreteu
Eu permaneço parado feito um vegetal
Desejando festejar, dançante, pela noite,
Mas sem ter forças para nada fazer
Não pude procurar abraços
E não quis ver rostos de conhecidos,
Pois queria uma aventura sem nome
E bem longe dessa casa em que estou,
Porém aqui estou eu,
Aqui estou eu na cama, escrevendo
Mesmo sem ter o que falar
Mesmo só reclamando de tudo
Eu continuo sempre e sempre
Continuo a não ter nada
Nada para contar, nenhuma vida,
Nenhuma novidade para espalhar
Minha semana não foi agitada
terça-feira, 24 de agosto de 2010
Evelyn Evelyn, siamesas musicais...
segunda-feira, 23 de agosto de 2010
Coisinha
Concluí minha obra nessa coisinha
Poema dos fracos, tristonhos, doentís
Subtraído de minha mente vazia,
Ou talvez cheia demais para entender
A estúpida complexidade dessa vida,
Dessa sociedade tão suja e morta
Eu encontrei tradução grandiosa aqui
Nessa folha, nessa incoerente coisa
Coisinha feita de palavras de pó,
De comprimidos amassados e diluídos
Eu me achei completamente no poema
E é tão fácil ser difícil aqui,
Pois é aonde estou longe e perto
Das pessoas que me causam mal
Descobri minha obra nisso tudo,
Nessa poética fraqueza escondida
Aonde sou o único deus, o ser vivo,
O único pedacinho de pão esfarelado
Derramo algum sentimento de dor
Para conseguir ser vivo na vida,
Pois a sociedade religiosa é má
E sei que qualquer divindade a abominaria
São mais corretos os prostituídos,
Doloridos e poéticos como eu sou
Aqui nesse buraco de pensamentos
Nessa coisinha de confissão pessoal,
Poema como se chama aqui na terra
O mundo que acho imundo de estar
Vou me deitar, pois já acabei por aqui
The Specials
Como me sinto
Me sinto um passarinho depenado,
Gelado num freezer imundo
Eu estou congelado e não me movo
Começo a rir porque não acho graça nenhuma
E quero me esquentar
Me sinto uma menina menstruada,
Com cólicas terríveis e insuportáveis
Eu estou tão destruído, tão fraco
Fico, então, provando que tenho força demais
E ergo uma casa com a mão
Me sinto um escravo castigado,
Com marcas de chicote na carne
Eu estou em carne viva e nada mais
Surjo no meio da noite para me assombrar
E não levo nem susto
Me sinto uma fruta descascada,
Sem pele, sendo comido
Eu estou aqui e sinto as dentadas
Começo a me despedir dos pedaços que vão
E esqueço de tudo
quinta-feira, 19 de agosto de 2010
M.I.A.
Melancolia
A concorrência no mundo da solidão não é grande
Temos apenas alguns companheiros de melancolia
Que choram com a gente nos nossos quartos escuros
Não temos quase ninguém que nos faça rir
Aqui no escuro é difícil de achar beleza
Tudo nos parece feio e desagradável de olhar,
Mas não temos vontade de levantar e ir embora
É um sentimento um tanto sadomasoquista
Nós nos obrigamos a gostar dessa situação imóvel,
Desse vegetal que nos tornamos nessa estufa triste
As outras flores estão tão estragadas quanto nós
Então ficamos todas esperando que viremos adubo
Emily Brontë
segunda-feira, 16 de agosto de 2010
Para morrer
Adentrando na noite, dirigindo o carro por aí
Procurando um lugar mais confortável para morrer
Alguma casinha escura, com um colchão e você em cima
Deitado do seu lado, tão mais adorável é sumir
Desaparecendo enquanto sussurra uma bela canção
Uma menina e um menino, as luzes da rua,
O uivo de um cachorro em algum lugar por ali
Nada mais, só o silêncio, só as coisinhas
Um perfume em sua pele e o cheiro do bolor
Desse colchonete tão agradável de deitar
Eu queria tanto iluminar essa sala escurecida
E dançar com você uma valsa qualquer,
Mas agora estou tão confortável com essa solidão
Uma solidão assistida, sob seus olhos estou
Deixei de ser qualquer coisa que vale a pena
Para ser um doente terminal aqui com você
Encontrei nesse lugar tão incomum algo perfeito
Uma lágrima que escorre na sua face, fugindo
Descendo seu rosto até a ponta do queixo
E pingando em meus olhos por fim, que felicidade
Vou findar com algo vindo de ti, lave meu rosto
Quero não precisar mais acordar nesse lugar
Vou dormir, vou sonhar que tudo se retomou,
Mas fora de mim ainda estará aquela rua comprida
E bem lá no fim a casa velha em que estamos
Eu com a cabeça em seu colo, de olhos fechados
Como é adorável morrer aqui ao seu lado
sexta-feira, 13 de agosto de 2010
Sir Ben Kingsley
quinta-feira, 12 de agosto de 2010
Desencaixado
Muito bem desencaixado
Solitário aqui no meio do nada
Calado e sem as palavras,
Sem olhar para ninguém
Carregado de pesos, de dores
E indelicado como nunca fui
Estou sem casca,
Vazio e liso, sem sorrisos
Ninguém fala comigo
Apenas sussurrando entre eles
É só o que eu ouço,
Mas nunca tenho força
Não me levanto da cadeira
Nem tenho vontade de dizer nada
Fico olhando pela janela
Sem ver direito, sem observar
Muito bem desencaixado
segunda-feira, 9 de agosto de 2010
River
quinta-feira, 5 de agosto de 2010
Era um, era dois, era cem...
Desfalecendo agora
Devagarzinho,
Eu me arrastei até aqui
Bem sutilmente,
Eu fiquei feito morto
Até que você me visse
E dissesse que eu estava vivo
Soubesse que estou inteiro,
Entendesse que ainda existo,
Mas que estou terminando,
Acabando,
Eu me sentei no sofá
Desfalecendo agora,
Eu caí num sono bom
Até que você me visse
E dissesse que eu estava vivo
Soubesse que estou respirando,
Entendesse que sou de carne,
Mas que o resto morreu
Nesse minuto