Boas Vindas

Boas vindas a quem chega a esse blog. As coisas escritas aqui são frutos da mente poética, depressiva e inconstante de uma pessoa que é muito jovem para sentimentalizar tanto as coisas.

sábado, 23 de abril de 2011

Amargo Regresso, de Hal Ashby (1978)


Volto ao blog depois de uma pequena temporada sem muitos posts. Escolhi para o retorno falar de um filme que me emocionou muito e emocionou a tantos mais, seus dois atores principais arrebataram Oscars nas categorias principais, ator e atriz, além do prêmio de melhor roteiro original. "Amargo Regresso", de Hal Ashby, com Jane Fonda e Jon Voight, é o que eu considero um bom exemplo de filme para atores, aquele tipo de cinema sem grandes pretensões, apenas contando uma história e deixando os atores livres para mostrar seus talentos, sejam cômicos, sejam dramáticos. O filme nos mostra uma mulher (Fonda) entre dois amores, seu marido (Bruce Dern), que está na guerra, e um velho amigo (Voight), que reencontra em um hospital para veteranos do Vietnã, paralítico e frustrado. Essa trama seria óbvia e manjada, não fossem as impressionantes interpretações de seus atores: Jon Voight está irreconhecível, doce, suave, longe da imagem que temos dele nos dias de hoje como pai de Angelina Jolie e protagonista de uma difícil relação com a mesma; Jane Fonda mostra um de seus mais potentes trabalhos no cinema, forte e emocionante, cheia de olhares e toques, tudo encaixado perfeitamente, sem exageros. Ladeando os protagonistas estão Bruce Dern e Penelope Milford em ótimas atuações, também indicadas ao Oscar.
O relacionamento dos personagens principais é de uma sensibilidade incomparável, levando o assunto repetitivo com leveza e nenhum tipo de clichê, talvez equipare-se apenas a "Pontes de Madison" e "Entre Dois Amores", filmes que também abordam o tema de um jeito bonito e delicado, melodramas exemplares, adoráveis, e que ficam na memória do espectador que se deixa levar pela emoção das pequenas coisas.
Aqui está a cena mais bela do filme, quando Jane Fonda e Jon Voight se despedem, sabendo que ela terá que voltar para o marido, que está voltando para casa. Eles se abraçam longamente sobre a cadeira de rodas, numa cena lindíssima.

domingo, 10 de abril de 2011

Eternamente

A gente nunca vai se perder da solidão,

Junto aos sorrisos ainda estarão as intimidades quietas,

Mas nunca vamos esquecer as delicadezas que tivemos juntos,

Os momentos divertidos, a explosão de purpurina

E os olhos, e os olhos e os olhos

De todos que passaram frente a nossa vida...

Eu vou sempre me lembrar dos carinhos que recebi,

Vou rever seus passos nas minhas lembranças,

Que terei para sempre, seja o que houver

E vou te encontrar de novo quando passar para o outro lado...

Existindo ou não eu encontrarei seu rosto de novo em algum lugar,

Aninhado por coisas bonitas parecidas com sonhos,

Colorido e com nossas músicas preferidas tocando ao fundo...

Eu nunca vou perder você de vista, nunca vou me desencontrar com você,

Eu nunca vou perder seus detalhes pelo mundo, nunca vou me esconder

E deixar-te para trás, eu vou ficar aqui na sua companhia

E com a solidão eterna por perto,

Mas sabendo que tenho sua candura ao meu redor,

Suas palavras que saem arrastadas e terminam em belas risadas...

domingo, 3 de abril de 2011

Conto de fadas interno

A princesa renasceu na madrugada de domingo

E meus momentos foram ficando mais lentos,

A poeira branca cobriu todos os móveis do meu quarto,

Eu nem via mais as fotografias antigas que ali tinha deixado.

Solidão das idéias, a última moradia dos meus demônios,

As palavras que se auto-escrevem no meu corpo,

Todas as loucuras dos meus dias de reinado

E de quando o chicote comandava meus movimentos.

Vossa alteza real desceu da torre e veio escrever novos mandamentos,

Enquanto eu me retorcia por não encontrar meus papéis,

Preso com os olhos na tela magnética e angustiado pela vida,

Eu nem sabia mais cantarolar minhas poesias,

Nem as danças que faziam chover, as coisas bonitas,

Eu esqueci a paz dos campos ingleses

E fui parar numa guerra civil comigo mesmo,

A princesa não quis ouvir nenhum não.