Boas Vindas

Boas vindas a quem chega a esse blog. As coisas escritas aqui são frutos da mente poética, depressiva e inconstante de uma pessoa que é muito jovem para sentimentalizar tanto as coisas.

domingo, 19 de dezembro de 2010

Balada melodramática de um amor antigo

E seu rosto ficou gravado na minha memória,

Me lembrava uma certa pintura, hoje nem sei qual é,

Mas nos belos dias em que te via ali

Eu tinha a certeza de que era a visão mais bonita

E que ninguém nunca te alcançaria no amor que causava em mim.

Hoje nem sei mais quantos passaram nos meus sonhos,

Porém nessa noite qualquer em que estou me lembrei de você,

Com sua eterna sutileza, um jeito diverso, misturado,

Bem melhor que o meu, bem melhor que todos,

E eu ali, sem saber o que fazer com o sentimento que surgia em mim.


Mas foi no dia que te rocei a pele e toquei seus lábios,

No dia em que te contemplei de perto, de tão perto,

Foi que tive a certeza da exatidão dos seus traços belos

E do límpido olhar que saía de seus olhos de cor escura.

Eu me perdi entre seus dedos, seus cabelos, seus maneirismos e beijos,

Me desencontrei bem mais do que quando estou sozinho

E me acabei nos sussurros que saíam de sua boca e da minha,

Agora, depois de tanto tempo, nem sei mais o que disse de tão bonito

E nem sei que palavras suas ecoavam nos meus pensamentos fracos,

Eu só ainda sei que o que me prendia a ti era seu rosto lindo e sua voz pequena,

Que mal saía, que gemia em dias frios, eu só lembro disso.


E tudo foi se esvaindo aos poucos de dentro da minha mente,

Você foi ficando para trás e outras coisas ficaram mais importantes,

Mas do nada no dia de hoje seu rosto me apareceu

E eu não pude acreditar no que ainda existia aqui,

Ainda havia uma porção de imagens, cenas e pessoas antigas,

Muitos que não vejo há décadas, você eu não vejo faz tanto tempo

Que eu já nem sei ler o número que aparece nas minhas contas.

Eu lembro que você nunca terminava as frases que começava

E esperava que eu entendesse tudo como um livro fácil,

Porém eu não entendia, eu só sabia o que eu via e nada via além de ti.


Mas foi no dia que te sentei em meu colo e lhe abracei,

Que eu pude ver o que era você na verdade, uma criança só,

Uma perdição, um roubo da sentimentalização de tudo que havia aqui,

Você era mais do que perfeito, era jovem e brilhava nas luzes da rua,

Eu nem te adorava tanto assim, meu amor era calmo e profundo

E eu deixei que sobrevivesse por aqui todo esse tempo,

Para que um dia recordasse e a achasse uma bela memória.

É o que acontece agora.

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