Boas Vindas

Boas vindas a quem chega a esse blog. As coisas escritas aqui são frutos da mente poética, depressiva e inconstante de uma pessoa que é muito jovem para sentimentalizar tanto as coisas.

quarta-feira, 30 de junho de 2010

Zooey Deschanel, a cantriz mais meiga do mundo

Existem muitas cantrizes (cantoras e atrizes) de talento, podemos listar algumas aqui: Doris Day, Judy Garland, sua filha Liza Minnelli, Barbra Streisand, Cher, Bette Midler e etc. Mas fazia tempo que não aparecia alguma que chamasse atenção, a maioria das cantrizes dos dias de hoje são atrizes da Disney sem talento e completamente vazias. Para minha felicidade surgiu Zooey Deschanel, protagonista de filmes como 500 Dias com Ela e integrante do duo She & Him. Zooey derrama talento em ambas as áreas em que atua, e, além disso, passa para nós espectadores uma aura de meiguice impressionante. Coloco aqui o clipe que ela fez com Joseph Gordon-Levitt, seu colega em 500 Dias com Ela, para a música "Why Do You Let Me Stay Here?" do She & Him. Não canso de me deleitar assistindo esse vídeo.

terça-feira, 29 de junho de 2010

Xingamentos e depois você

Soluçando, soluçando, soluçando

Toda hora, toda hora, toda hora

E eu xingo o mundo de merda gigantesca

E eu xingo o mundo de bosta, de inferno

Mas depois de alguns minutos estou calado

Olhando a paisagem, contemplativo

Chorando, chorando, chorando

Agora e depois, agora e depois, agora e depois

Eu quero ver o que acontece

Preciso ver seus sorrisinhos infantis

Como é eterna a sua capacidade de causar sorrisos

Quando vejo, já não me lembro

Não me lembro do soluçar, das horas,

Dos xingamentos, da paisagem, do eu contemplativo,

Do chorar, do agora e do depois

Eu fico olhando seu olhar, seu falar, seus olhinhos

Quero te ver mais, por favor

Hal Hartley


Um dos maiores diretores do cinema independente e também um dos cineastas mais controversos da sétima arte. Hal Hartley dirigiu dois filmes que para mim são obrigatórios para qualquer fã de cinema cult. Primeiro "As Confissões de Henry Fool", filme de 1997, que mostra o personagem título, um estranho homem que ninguém sabe de onde veio, que de repente se instala no porão da família Grim, para escrever a obra que ele acredita ser o maior livro da história da literatura. Enquanto faz isso, Henry Fool conquista o coração de Fay Grim e incentiva Simon Grim a também se tornar escritor. Muitas coisas acontecem, entre elas o sucesso de Simon e o desaparecimento de Henry. Esse filme rende a Hal o prêmio de melhor roteiro em Cannes. Dez anos depois Hal Hartley nos presenteia com a magnífica continuação, "Fay Grim". Nesse filme, Fay, abandonada por Henry e com um filho problemático do mesmo, se vê num redemoinho que a tira completamente de sua rotina. Ela é informada que talvez Henry estivesse envolvido em uma incrível conspiração, e que seu misterioso livro é o motivo do mistério. Ela é forçada, então, a viajar atrás de seu marido ou de sua obra tão cobiçada.
Hal Hartley é dono de um humor negro, irônico e inigualavel, fazendo uma mistura mágica de comédia, suspense e tantas outras coisas. Outra coisa que Hal tem de incrível em seus filmes é a musa cult Parker Posey, que dá vida a Fay Grim de maneira única. Assistam a ambos os filmes e vejam com os próprios olhos a genialidade desse cineasta.

Parker Posey, em "Fay Grim"

quinta-feira, 24 de junho de 2010

Originalidade nos dias de hoje

Poucos conseguem ousar musicalmente nos dias de hoje. Então quero colocar aqui os nomes que em pleno século XXI fazem música nova, original e boa de se ouvir. Colocarei um link para cada artista, espero que gostem.
-Amy Winehouse: Recriou o jazz e colocou nele um apelo roqueiro. É cheia de sonoridades e influencias que vão de Billie Holiday à Lauryn Hill. Talvez seja a maior artista da música recente. Ouça: "Tears Dry On Their Own" - http://www.youtube.com/watch?v=ojdbDYahiCQ
-Arctic Monkeys: Banda inglesa que consegue, magistralmente, colocar em música o dia-a-dia do jovem inglês. Conseguem fazer, ao mesmo tempo, rocks rápidos e canções melódicas. Ouça: "Cornerstone" - http://www.youtube.com/watch?v=LIQz6zZi7R0
-Beirut: Projeto musical de Zachary Francis Condon é talvez a mais original das bandas americanas atuais. Usam instrumentos incomuns, como trompetes, trompas, violinos, ukeleles, entre outros ao fazer músicas com temas folclóricos do leste-europeu e balcãs. Ouça: "Elephant Gun" - http://www.youtube.com/watch?v=N-mqhkuOF7s
-Corinne Bailey Rae: Com sua voz suave e cheia de um soul delicado, faz um som único que é sempre agradável de ouvir. Tem grande talento poético, às vezes mostrando simplesmente alegria, às vezes mostrando uma melancolia adorável. Ouça: "Paris Nights/New York Mornings" - http://www.youtube.com/watch?v=J2OLBhVua5c
-Damien Rice: Compositor de belíssimas músicas. Suas canções soam como um apelo depressivo e por terem melodias lentas e baixas sempre têm um ar de acapela. Ouça: "The Blower's Daughter" - http://www.youtube.com/watch?v=5YXVMCHG-Nk
-Duffy: Uma loirinha a la Dusty Springfield de estilo e sensualidade clássica. Suas músicas parecem saídas de um filme dos anos 50, mas são cheias de algo inexplicavelmente novo. Ouça: "Warwick Avenue" - http://www.youtube.com/watch?v=ScSHEnFNRck&a=jmc1Uthsx-k&playnext_from=ML
-Estelle: Cantora negra de voz única. Mistura estilos maravilhosamente usando de r&b até hip-hop. Ouça: "American Boy" - http://www.youtube.com/watch?v=Ic5vxw3eijY
-Julieta Venegas: Cantora e compositora mexicana de muito talento, voz aveludada e letras sagazes. Uma das únicas artistas latinas atuais que se destacam. Ouça: "Limon y Sal" - http://www.youtube.com/watch?v=CuL_cRBlDwc
-Lily Allen: A polêmica cantora inglesa, famosa por falar mal de deus e o mundo, também tem muito talento musical. É irônica, sarcástica, direta e, quando quer, angelical. Ouça: "The Fear" - http://www.youtube.com/watch?v=q-wGMlSuX_c
-M.I.A.: É difícil uma artista que canta reaggie e rap inovar na música. M.I.A. faz isso, usando sua grande personalidade para influenciar os ouvintes e engaja-los politicamente. Confesso que foi uma das últimas cantoras e me deixar de queixo caído. Ouça: "Paper Planes" - http://www.youtube.com/watch?v=ewRjZoRtu0Y
-Mika: O artista pop mais inacreditável dos últimos tempos. Este cantor de voz fina e estridente cria canções que grudam magicamente nas nossas cabeças e nos fazem querer sair dançando pela rua. Ouça: "Grace Kelly" - http://www.youtube.com/watch?v=EaEPCsQ4608
-Norah Jones: Filha da lenda Ravi Shankar, mestre da cítara indiana, Norah nunca mostrou-se influenciada pela música do pai. Começou cantando belos standarts, piano e voz, cresceu no jazz e em seu último álbum, "The Fall", sentimos o country e o rock se aproximando. Ouça: "Chasing Pirates" - http://www.youtube.com/watch?v=uTxythHY09k
-The Strokes: Rock de qualidade sempre. O vocalista Julian Casablancas produz o som roqueiro perfeito para a atualidade. Seu disco "Is This It" foi eleito pela revista NME o melhor da década. Ouça: "Last Nite" - http://www.youtube.com/watch?v=VH4WPceT9EI
-Vanessa da Mata: Para finalizar uma representante da moderna música brasileira. A genial cantora parece uma fonte de grandes melodias e letras, seu sucesso alcança muito mais do que o Brasil, chegando a ser primeiro lugar em alguns países da Europa. Ouça: "Amado" - http://www.youtube.com/watch?v=Ey3W7311Z3g

Preto e branco

Comecei a pensar em preto e branco

Eu já sonhava sem cores, agora só me falta perdê-las na visão

Eu não tenho vida na imaginação

Tudo o que vem, vem um pouco triste

Tudo que vai, vai da maneira mais poética

Vou perdendo tudo de forma bonita, beleza só para a solidão

Só para o que perdemos, só para esconder sorrisos

Os sorrisos me saem fácil, mas são vazios

Risadas, abraços e olhares são eternos em mim

Mas dificilmente terão a força que necessitam

Eu amarei a todos o máximo que puder, mas nunca o suficiente

Pois apenas amo quem não existe, quem não sabe que eu existo

Derramo amores e mais amores em fotografias

Para quem está a minha frente sobram apenas delicadezas

Pelo menos as minhas delicadezas ainda têm um pouco de beleza

Resgato um pouco a complexidade dos sentimentos

Para dar aos que querem isso de mim

E é tão estranho que eu seja todo sentimento,

Mas não consiga fazer com que apareçam com grandeza

Apenas aqui, nesse pedaço de papel, consigo

Consigo que tudo me venha, toda verdade que guardo

Por aqui tenho a facilidade de abrir meus espaços,

Minhas gavetas, meus buracos negros

Aonde, lá no fundo, talvez ainda exista alguma cor

Quando a Itália invadiu Hollywood


Em 1961 o filme "Duas Mulheres" ganhou o Oscar de melhor atriz. Sophia Loren então, tornou-se a primeira atriz a ganhar este prêmio por um filme de língua não inglesa. Esse prêmio já havia sido entregue a um italiana em 1955, Anna Magnani, mas o filme pelo qual foi premiada, "A Rosa Tatuada" é um filme americano, falado em inglês. Anna Magnani pode ter sido, então, a primeira atriz estrangeira a ganhar um Oscar, mas esta nunca foi uma grande diva hollywoodiana, como Sophia Loren foi. Nascida em Roma em 1934, Sophia Loren já havia feito filmes americanos antes de "Duas Mulheres", mas foi esse filme italiano de Vittorio De Sica que trouxe a ela reconhecimento mundial, igualando-a a nomes como Audrey Hepburn e Grace Kelly. O grande cineasta Federico Fellini dizia que ninguém tinha o mesmo porte e potência ao entrar em cena como ela. Sophia Loren entrou na minha galeria de atrizes favoritas assim que vi seu rosto, confesso que já gostava dela antes mesmo de tê-la visto atuando, mas assim que vi, minha adoração pôde se confirmar. Agora sigo assistindo seus filmes, e quando surge por mágica universal algum filme novo com sua participação, sou o primeiro na fila do cinema.

Assinado: Eu!

Eu autografei meu nome na sua testa

Meio que tatuando minha existência em você

Com cores fortes e muito preto, cheio de dor

Pois sou um pedaço feito de dor

Que retiraram do mundo porque é inexato

Só ficou o que era notável

Minhas palavras, meu nome, um tantinho de arte

Um pó de literatura que eu cheirei

Uma droga que cresce dentro de mim

E eu acabo tão bom que fico terrível

Vermelho, envergonhado

Marquei um carimbo entre seus olhos

Porque eles são tão lindos que não posso tocá-los

Colori apenas o vazio entre eles

A marca diz meu nome, e um poeminha

Um haicai que me pareceu adequado

Pois eu não sou adequado a nada

Apenas a sua existência, estando ao seu lado

Às vezes acho que você irá embora e me esquecer

Por isso tento desesperadamente te explicar

Escolher coisas e mais coisas que te signifiquem

Sua cor, sua flor, sua fruta e sua estrela,

A música dos Beatles que mais me lembra você,

Assim você lembrará de mim quando vir essas coisas

Ou quando ouvir essa música

Todo dia vou autografando uma parte sua

Sua perna já tem um pouco de mim

Como seu ventre e sua barriga, suas mãos

Eu assinei um pouco de mim nelas

Ejaculei meus pensamentos na sua pele macia

Ao som dos violinos, violas e bandolins

Será que você consegue agora saber de mim?

Estou todo jogado em você, em seu corpo eterno

Você consegue ler? Consegue adormecer e se lembrar?

Te deixo , então, sem saber, esperando que leia

--------------------------------------------------------------Assinado: Eu!

terça-feira, 22 de junho de 2010

As senhoras música brasileira

Talvez os dois maiores nomes da música brasileira. Duas senhoras cantoras, Maria Bethânia e Gal Costa têm suas trajetórias interligadas, pois são amigas da juventude e cresceram no sucesso lado a lado. As duas e os compositores Gilberto Gil e Caetano Veloso uniram-se para formar o grupo Doces Bárbaros, uma comemoração por dez anos de carreira solo dos quatro integrantes. Coloco aqui uma música que me emociona muito, cantada por essas duas grandes artistas brasileiras, “Esotérico”. Que começa com uma frase que fica se repetindo em minha cabeça: “Não adianta nem me abandonar...”.

Um pouco de mim

Aonde foi? Aonde vai?

O que eu faço por aqui?

Minha realidade se mistura na ficção

Eu nem sei mais se tenho alguma realidade

Sou feito dos poemas que escrevo

E tenho como meu dia-a-dia o dia-a-dia dos livros,

Dos filmes, e das canções complexas do folk


Eu não sei aonde fui! Eu não sei aonde vou!

Eu não sei o que faço por aqui!

Meu presente é sempre algo meu

Eu não tenho passado e não sinto a brisa

Sou feito de cada personagem sensível que crio

E tenho o tempo que eles têm para respirar

Quando fecho suas paginas é como se não existisse


Fechei os olhos e fechei o pensamento

Não fui e nem vou a lugar nenhum

Estou aqui delicado esperando alguém me achar

Pois não sei aonde estou, não sei porque estou aqui

Beijei meus dedos dos pés para poder andar na luz

Preciso enxergar o caminho para voltar para casa

E só vou voltar se novamente abrir meu poema

Colocando nele mais um pouco de palavrinhas minhas

Jogando um pouco de mim no mundo

segunda-feira, 21 de junho de 2010

A fada islandesa

Björk é considerada uma das maiores mentes criativas do mundo, também tendo entrado em várias listas de gênios vivos, como uma das únicas representantes da música. Esta cantora islandesa me impressiona completamente, me causando diversos tipos de sentimentos: admiração, sensibilidade, paixão, inveja. Sou fascinado principalmente por três de seus discos,Debut (1993), Post (1995) e Medúlla (2004), que foram se superando pouco a pouco. Björk também trabalhou como atriz no magnífico filme “Dançando no Escuro” do polêmico e talentoso cineasta Lars Von Trier, dessa experiência vieram vários prêmios, Cannes de interpretação feminina, indicação ao Globo de Ouro de atriz – drama, e indicação ao Oscar de canção original:“I’ve Seen It All”, cantada no filme. Seu currículo musical também conta com treze indicações ao Grammy, e três prêmios ganhos no MTV VMA, dentre outros. Coloco aqui a baixo uma das suas canções mais incríveis, “Oceania”, do álbum Medúlla que inovou ao não usar instrumentos, apenas sons da boca: vozes e beatbox.

Eterno

Guiei as palavras e de tanto guiá-las me tornei um poeta

Encontrei seus pares perfeitos numa linha de caderno

E por isso desencadeei uma cachoeira incorreta

Amei mil pessoas com que nunca falei, fui ao inferno

Acabei sonhando um sonho um tanto careta

Eu chorava na chuva, na neve, em pleno inverno

Em busca de uma paixão um tanto mais concreta

Acordei e voltei ao meu poema raro, ultramoderno

Ali eu era outro

Ali eu não estava disposto

Ali eu sonhava com o suposto

Ali eu encontrava o meu oposto

Ali eu era o poeta, o deus

Ali eu abraçava os meus

Eu rompia na noite e me dizia eterno

domingo, 20 de junho de 2010

...Nas nuvens


Sou muito fã dos filmes de Wong Kar-Wai, cineasta de Hong Kong. Desde a primeira vez que vi um de seus trabalhos, Amores Expressos, me apaixonei por sua inigualável câmera lenta, sua delicadeza de imagens e pela bela trilha sonora que as acompanham. Mas estou aqui para falar de seu filme mais recente, - e também o primeiro em língua inglesa – Um Beijo Roubado. Primeiramente devo lembrar-me do ótimo elenco, Jude Law, Norah Jones, Rachel Weisz, David Strathairn e Natalie Portman, que trabalham sempre mostrando muito talento. Assisti ao filme no cinema e vi uma pequena nota crítica dizendo “Saí do cinema nas nuvens! Esse beijo vai entrar pra história!”, só o que posso dizer é que concordo. A cena final se cravou na minha memória, ainda vejo o delicado e lento beijo agora. Para mim é uma cena memorável que sempre será lembrada quando forem mostrados grandes beijos cinematográficos. Assistam, com certeza se apaixonarão pelo filme e pelas delicadas canções da protagonista Norah Jones e também de Cat Power, que faz uma pequena participação no filme.

quarta-feira, 16 de junho de 2010

Baby Hell

Diplomata do submundo que carrega montanhas nas costas

Vou andando de país em país carregando cordilheiras

E fumando baseados para deixar a cabeça solta

A mente vagueando no ar, num lugar sem fim

Livreiro numa rua do centro, aberto a meia noite

Para que prostitutas e drogados possam comprar também

Usando suas páginas para cheirar ou fumar

Passeando pelas estradas que não levam a lugar nenhum

Que correm ao invés de você correr nelas

Underground do underground, o fundo do poço

No fossa mais escura, se perdendo lá dentro, não há saída

Apenas há outra montanha que tem que ser levada aos compradores

Desbravando as cidades de asfalto e rocha para alcançar o céu

Sendo um menininho bonito para algum degenerado sexual

Eu sou o degenerado sexual mor deste universo

E os artistas são meus menininhos lindos que correm descalços

Fazendo poemas e fazendo orgasmos, poemas e mais orgasmos

Sussurrando algo de bom no meu ouvido cheio de cera

Quero abrir minha loja de artigos importados do inferno

Baby Hell, minha menina torta, ressentida com a vida monótona

Caminhe comigo por umas ruas aí

Você vai gostar de me ver ao seu lado com o Himalaia de peso

Indo até o Canadá para entregar nas mãos de poetas

A minha alma e os meus meninos que me fazem tão bem

Minha arte, minhas sensações e sensibilidades inúteis

No mundo de hoje apenas existe o homem barbado

Nojento e fétido que reza para Deus, mas não ama ninguém

Cultiva seus preconceitos e nega o amor das putas sagradas

Continuo diplomata do submundo, acabo notando

Nada mudou desde que era um pedaço de nada

Agora sou um pedaço de tudo e o que sinto é que me perdi

Não sei mais que morro que carrego, nem que problemas tenho

Baby Hell, vem me dar uma mão

Um toque de neo-realismo em mim

Esta manhã assisti a um filme chamado "Alemanha, Ano Zero", do cineasta italiano Roberto Rossellini, principal nome de um dos mais importantes movimentos cinematográficos da história: O Neo-Realismo Italiano. O filme me impressionou muito, tanto por sua crueza na forma de mostrar a realidade, como na intensidade que muitas das cenas têm. O filme é triste ao mostrar o dia-a-dia dos cidadãos alemães no pós-guerra recente. Mas o filme também me fez desacreditar com sua luz e seus cenários, que mais tarde descobri serem reais, luz do dia, escombros da própria guerra, Rossellini usou para esse filme os elementos exatos daquela época, pois o filme realmente foi feito pouco tempo após o fim da segunda grande guerra. Indico esse filme para que assistam, e digo de antemão, não esperem final feliz ou lágrimas de emoção, esperem um choque brutal no meio da sua mente.

terça-feira, 15 de junho de 2010

Verso morto

Estou a quilômetros de onde você está agora

E meu sentimento morre, afogando-se no não ter-te aqui

Eu me desencontro, corro em círculos numa rua reta

Acabo me perdendo de propósito, por raiva de tudo

Desaprendo como sorrir e desejo fazer o mesmo com o respirar

Para dar um fim a vida apodrecida que levo desde então

Nine, um musical com grande elenco

Devo confessar que tenho um fraco por musicais. A magia desses filmes me traz uma alegria boba, algo muito raro para mim. Este, Nine, é um exemplo de musical que me faz ficar de queixo caído. Primeiro por ser uma adaptação de "8 e 1/2", obra-prima de Fellini, e segundo por ter um dos elencos mais impressionantes em um só filme. Um grande ator: Daniel Day Lewis. Três de minhas atrizes favoritas: Penélope Cruz, Marion Cottilard e Nicole Kidman. Uma grande diva: Sophia Loren. Uma senhora atriz do cinema inglês: Judi Dench. E outras duas grandes personalidades do mundo das celebridades: Kate Hudson e Fergie. Apesar da crítica não ter gostado tanto do filme, essa junção de grandes nomes me fez ficar com os olhos grudados na tela do cinema. Aqui abaixo coloco para vocês a genial abertura do filme.

domingo, 13 de junho de 2010

E vou me rotulando

Eu me rotulei de pessoa insana e nefasta

Tudo para que olho tem um rosto delicado

Andam por aí com passos característicos

Eu presto atenção em todos os seus detalhes

Eu me rotulei de pessoa que não tem razão

Pessoa que pensa apenas por meio de lágrimas

Que age por meio da depressão

E que foge para um buraco que facilita tudo

Aonde possa ver pessoas adoráveis

É impressionante como delicadeza me acalma

É impressionante como tudo me preocupa

E é tão triste que eu precise de abraços

Quase todo o tempo eu vagava

E o espaço no qual andava era pequeno

Minúsculo na verdade, um quarto, uma sala

Eu me rotulei então de solitário, excêntrico

Porque não saía mais de casa

Cristal nos olhos

Pensamento desajustado na cabeça sorridente

Soltando palavrinhas em inglês e rindo

Sua face mais alva do que o céu nublado

Aquela luz branca que desce transcendental

Um farol azulado, com cristal nos olhos

Cheios d’água, e com dentes que brilham

Sob os lábios rosados e sob o sol

Cigarro na boca infantil, irrealidade

A mais real delas, exposição de fotos

Gosto de fumaça, gosto de saliva

Quente como quentura tropical, vento

Aquele que assopra com veemência

Misturo tudo de uma maneira incrível

Pois procuro no escuro aquela pequena voz

Risadas nuas, cruas, deliciosas demais

Agarro meus braços nos seus que gritam

Pele, pele e tudo, ouvindo ao pé do ouvido

Como aquela manhã que anoiteceu

Foi surreal, sua expressão de insanidade

Aquele brilho nos olhos que inigualava

Desejo e loucuras, subindo e descendo

Enxugando com a boca o seu suor

Transcrevendo o que sinto na sensação

Relembrando as idéias mágicas do subconsciente

sábado, 12 de junho de 2010

Hurt, o último adeus de Johnny Cash

Johnny Cash exige poucos esforços, poucas palavras. É, simplesmente, o maior nome do country, um dos criadores do rock e também um dos maiores artistas de toda a história da música. O Homem de Preto tornou-se uma divindade do olimpo musical, pois durante 50 anos nos mostrou sua realidade, suas dores e afetos. Nos mostrou seu carinho absoluto por June Carter, sua esposa. Por fim, pouco antes de falecer nos deu o cover “Hurt”, uma canção da banda Nine Inch Nails, que em sua voz pareceu muito mais real e sensível.

Vulgar

O que há de tão estranho em achar poesia no vulgar?

Pois por entre suas pernas abertas

Vejo as belezas de seu rosto iluminado

Pelos caminhos longilíneos de sua coluna

Encontro o final brilhante que são seus olhos

O que há de tão estranho no lirismo da minha pornografia?

Pois são nos toques das peles úmidas

Que achamos o encontro feito de sensações

Caminhando pelos contornos belos de seu corpo,

É ali que eu encontro o que é angelical

O que há de tão bonito num casal que não se possui?

Para Burroughs e Basquiat

jean-michel basquiat

Dois nomes que vieram de um submundo poético e artístico. Dois nomes que me trazem certa dor e também uma profunda admiração. Dois nomes que me fizeram muito bem, que instalaram em mim uma visão diferente, instalaram em mim uma estranha paixão por uma visão mais underground de mundo. Dois nomes que trouxeram para mim suas emoções, suas dores e injetaram em mim suas sensibilidades. Agradeço a eles por muito do que sinto nos dias de hoje.

william s. burroughs

Os velhos amores novamente

para G., R. e M.

Revendo as coisas, hoje me sinto um tanto mais feliz

Pude ver meus velhos amores com olhos mais delicados

Pois meu fulgor está acalmado, minhas loucuras mais sãs

Minha depressão está mais alegre, mais suavizada

Vi suas faces que foram mudando e fiquei mais vivo

Uma ponta de alegria foi subindo e eu me restabeleci

Foi como ver de novo pela primeira vez

Encantado pelas suas delicadezas uma vez mais

Reencontrei os maneirismos que tanto adorava

E os detalhes em seus rostos que me fascinavam

Meus dias já eram um tanto monótonos

Agora sinto aquela pequena luz adentrando a janela

Vejo as lembranças enchendo minha cabeça

Vejo cada coisinha do jeito que era

E como era bonito, como eram perfeitos

Como os achava notáveis em seus movimentos

Agora está tudo tão mais calmo, mas uma calmaria encantadora

Eu procuro, finalmente, o sono

Porque creio que conseguirei ter bonitos sonhos dessa vez

Ver meus velhos amores uma vez mais

Adicionando a minha mente mais coisas lindas

Mais detalhes que embelezam minha memória

sexta-feira, 11 de junho de 2010

A eterna cigarra

“Porque você pediu uma canção para cantar, como a cigarra arrebenta de tanta luz, e que enche de som o ar... Porque a formiga é a melhor amiga da cigarra, raízes da mesma fabula, que ela arranha, tece e espalha no ar...”. Simone Bittencourt de Oliveira, uma das grandes vozes da música brasileira, e também, uma das minhas favoritas. Foi uma das expoentes da MPB nos anos 70. Lançou sucessos como “Começar de Novo”, “Jura Secreta” e “Cigarra”, citada acima. Simone entrou na minha vida por meio de minha mãe, que na juventude a tinha como cantora favorita. Eu, ao buscar antigos LPs da família encontrei-a ali, entre composições clássicas e discos de Rock. Logo me apaixonei por sua potência vocal e seu adorável sotaque baiano, por seus cabelos longos e cheios e por sua altura e portes atléticos. Tive a sorte de, há pouco tempo atrás, vê-la ao vivo. “Essa canção é para cantar como a cigarra acende o verão, e ilumina o ar... Si, si, si, si, si, si...”

Coisas que faço sem querer

Involuntariamente eu começo a me jogar

Começo a me chocar nas paredes do mundo

E a sofrer de dores intermináveis

Minhas dores internas, facadas no meio da mente

Cortando as idéias, perfurando a imaginação

Raramente eu me deixo sair ao sol

Tenho medo de uma insolação destruidora

Que me faça mais louco do que já sou

Queimando meus debilitados neurônios

Tornando-me carne inerte, sangue e água

Vulneravelmente fico despido das roupas do corpo

Nu num grande salão gelado, frio e nevando

Começo a congelar minhas naturalidades

Minha pele vai se queimando toda no gelo

E eu fico podre e gangrenado na rua

A poesia bêbada de Tom Waits


Um dos nomes mais incomuns da música internacional é o do americano Tom Waits. É um bardo de voz rouca e tortuosa, com ares alcoolizados, que canta uma poesia incomum, quase beat, inspirando-se diretamente em Kerouac, Ginsberg e outros. Dono de uma grande obra, cerca de 30 discos, também é ator. Começou sua carreira abrindo shows para artistas como Frank Zappa, logo destacou-se por não encaixar-se em nenhum gênero musical. Hoje é considerado o mais Cult dos compositores. O descobri depois de ouvir seu sucesso “Downtown Train”. Me impressionou desde o inicio, parecia – para mim – um urro desesperado de um homem que anda caindo pelas calçadas durante a madrugada. Para iniciá-los na música desse grande artista coloco aqui “Jersey Girl”, uma de suas músicas mais tocantes.

Construindo

Eu fui construindo e construindo e fui indo e fui indo e achei tudo tão mais lindo

Era o céu, era um véu, eu estava ao léu e no meu quartel tudo era mais e mais e mais

Desconstruí o que já vi ali, reconstruí, pois tudo é tão lindo repetindo e construindo

Minha vidinha era sozinha, mas o luar brilhava alto, andava de salto, sorria num palco

Eu e o que era meu caminhando contra o pranto, de tanto em tanto me achando santo

Fui sorrindo por aí, cantando em si as músicas tão musicais e tão banais que ouvíamos

Me encontrei com um pequeno rei e de sorriso em sorriso me achei sobre o piso

Jogado no chão, sem nenhum arranhão, só com o sentimento pagão aflorando

Adorava-o, amava-o, sentia-o, deixava-o fazer o que queria, o que sentia aqui em mim

Beijando e tocando ia percorrendo os milímetros de pele que via e que sabia desejar

Construindo meus momentos, traindo meus talentos e seguindo frio pelo vazio

Dylan

Bob Dylan não necessita de nenhuma explicação, nenhum texto ou declaração. Dylan é Deus!

O frio som e a lagoa dos olhos

Frio som que chega aos meus ouvidos

Não é a voz que me aquece, é algo sem vida

Penso que é o espírito das dores desse meu mundo

De um jeito particular retiro-me de mim mesmo

Transformo o meu ser numa rocha, pedra parada

Assim não posso ouvir essas vozes que me fazem mal

Água profunda, lagoa dos olhos que desejo ver

Creio eu que esse olhar tem vida própria

Afasta de mim o frio som e me protege

Suando o suor salgado que é o meu

Nara


Uma pessoa que está tatuada em mim é Nara Leão. Sua voz pequena era uma das únicas coisas que me faziam dormir nos tempos em que a minha depressão substituíra meu sono. Lembro de como me emocionava ouvindo sua versão de “Insensatez”, sua doçura era inigualável, nenhuma cantora conseguia me passar àquela mesma sensação. Vendo suas fotografias vejo uma mulher comum, humana e sensível, assim como dizia em “Com Açúcar, Com Afeto”, alguém que podia lutar contra a ditadura e sofrer por um amor que não dá certo. Bordar e gravar um disco chamado “Opinião” em plena ditadura militar. Quando, de repente, começa no rádio sua voz cantando “João e Maria” eu ainda sinto vontade de chorar e cantarolo junto: “Agora eu era o herói, e meu cavalo só falava inglês...”

Fogo morto

Me sinto um fogo morto, frio e desaparecendo

Existe apenas um calorzinho sumindo devagar

Lembro de queimar em brasa o sentimento

De estalar numa fogueira grande e bela

Mas agora sou faísca, apagado pela chuva

Um simples orvalho me enfraquece inteiro

Faço força para sobreviver ao vento

A brisa gélida durante a noite é dura

Sob o sol de meio-dia tento crescer, mas nada

Fico como sou, como posso...

Desiludido com o mundo falso e fraco

Cheio de dores e poucos amores a respeitar

Penso, então, em aceitar e molhar-me, acabar

Finalizar com minha vida pouca, acabar com o sofrer

Me sinto um fogo morto, congelado no espaço

Sem lugar para aquecer os dedos livres

Não existe o oxigênio para me fazer crescer

Fico como sou, como posso...

Morrendo e levemente apagado, caído

A cada instante desapareço mais