Ensandecido aqui no meu cantinho, com mil imagens desagradáveis na cabeça,
Trocando de lugar com as putas tristes nas ruas, as que esboçam sorrisos amarelos,
Que querem ir para casa, que querem o dinheiro, que precisam, eu penso nelas,
Enquanto estou aqui na cama, ao lado de minhas imagens, vou enlouquecendo,
Na minha heroína pessoal, nas agulhadas na testa, vamos ver se passa a dor de cabeça,
Mas por enquanto vou contar coisas que me vem à cabeça, agora,
Estou lembrando dos detalhes e dos cheiros dos lugares por quais passei,
Nada me agradou, e nas minhas memórias só ficaram desgraças,
As banheiras de lama, lotadas de gente, ideal desperdiçado, prefiro a pederastia,
Onde me jogo, vou para o inferno com muito gosto, com os detentos e degenerados,
Lá tem cor, tem escuro, lá tem dor, e eu adoro dor, eu gosto de tudo na cara,
Por isso continuo imaginando a bosta no ventilador, sentindo ela no rosto, nojo,
Os mendigos são bons amigos, ex-gentes, tudo ignorado, todos no chão molhado,
E eu lá em espirito, quero coisas para me afastar do mundo, vou para o underground,
O filho de papai das trevas, burguês artista, favela lover, o que odeia a elite,
Mesmo tendo, de vez em quando, idéias um tanto direitistas,
Soldado, cafetão de textos afetados, efeminados, deprimidos, destrutivos,
Numa completa revolta contra tudo que anda, só quero os que se arrastam por ai,
No chão do meu corredor, na frente da TV, onde quer que seja, desde que seja louco,
Agulha na testa de novo, bebida espalhada por todo lado, a garrafa quebrou,
E foi na cabeça daquela menina ignóbil que veio me encher a paciência,
Vou me assassinar, eternamente revoltado, rebelde sem causa, cheio delas,
Como eu quero sair distribuindo, vejam a frase pelo lado bom e pelo malicioso,
Morri aqui.